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Produzida por uma bactéria infecciosa, a sífilis é uma doença de transmissão sexual, vertical e raramente sanguínea, que quando não tradada, pode evoluir a estágios de maior gravidade, comprometendo órgãos internos, como o fígado, coração e sistema nervoso central.
Tendo o seu pico de transmissão nos estágios iniciais da doença, o Brasil alcançou a marca de 152.915 casos de sífilis em 2019, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Sífilis, com uma taxa de detecção de 72,8 casos por 100 mil habitantes.
Na gestação, a sífilis não tratada pode levar a desfechos adversos, como abortamento, natimortalidade, óbito neonatal, prematuridade ou manifestações clínicas precoces ou tardias da doença. No Brasil, cerca de 30% das gestações de mulheres com sífilis não tratada, podem resultar em morte fetal intraútero, natimorto ou óbito logo após o parto.
Em 2020, estudos realizados no Estado de São Paulo revelaram um aumento de casos alarmante: foram 267.973 casos entre os anos de 2007 e 2020. A taxa de detecção de sífilis adquirida (Tdsa) que era de 17,6 casos em 2010, passou para 85,1 casos por 100 mil habitantes-ano em 2017.
A fim de reduzir drasticamente esses números, o Ministério da Saúde apresentou uma proposta para premiar com Selos Ouro, Prata e Bronze, municípios com 100 mil ou mais habitantes que atingissem a meta de redução da sífilis congênita. Só no Estado de São Paulo, existem cerca de 80 municípios com população de 100 mil ou mais habitantes elegíveis para esta certificação.
Com o isso, o Centro de Estudos Leopoldo Ayrosa Galvão em parceria com CRT DST/ AIDS e com os Grupos de Vigilância Epidemiológica – GVE da Secretaria de Estado da Saúde – SES, deram inicio ao “Projeto de Intervenção para o fortalecimento das regiões de saúde rumo à redução da sífilis congênita no Estado de São Paulo”. Com início em dezembro de 2020, o projeto terá uma duração total de sete meses.
Serão utilizadas as etapas do contínuo do cuidado (promoção/prevenção, diagnóstico, vinculação, tratamento, adesão/retenção e cura) como orientadoras para o reconhecimento dos problemas e a construção das intervenções loco-regionais. Ao todo o projeto será realizado em cinco etapas.
A primeira etapa será a apresentação do projeto em reuniões com as instâncias estaduais e regionais de gestão da Saúde, tendo a interlocução da IST/AIDS do GVE. Em seguida, será a capacitação dos facilitadores sobre a temática de Sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita, bem como o trabalho em rede e ferramentas para planejamento e monitoramento das ações. A terceira etapa do projeto ocorrerá nas regiões de saúde, com a realização de diagnóstico e elaboração de painel regional sobre a situação das doenças. Posteriormente serão realizadas visitas de monitoramento aos municípios prioritários e reuniões para discussão constante da proposta regional e possíveis readequações conforme necessário. E por fim, após três meses de implementação da proposta, será agendada reunião com os atores municipais e regionais para a análise da implementação das ações e os produtos já observados neste período, na perspectiva de qualificar e ampliar a eficácia das respostas a Sífilis Congênita nas regiões e no Estado.
Sendo assim, o projeto busca reduzir à sífilis em gestantes e a Tdsa em pelo menos 80% dos municípios do Estado. Além de ter 15% dos munícipios com população acima de 100 mil habitantes, habilitados para o recebimento do selo Ouro.